quarta-feira, 11 de agosto de 2010



Oriana é uma fada. Uma fada boa. Uma fada boa com asas e varinha de condão. Também há fadas más. E uma fada boa também pode tornar-se má. Nem que seja só por algum tempo. Foi o que aconteceu a Oriana.


A vida de Oriana era como deve ser: livre e feliz. Ela era obediente e prometeu à rainha das fadas que seria a guardiã da floresta e de todos os seus habitantes. E com o seu poder de fada boa despertava tudo que a rodeava. A vida na floresta era um despertar luminoso de cores, sons e movimento. E de magia. A magia da sua varinha de condão e do seu voo alado. O sopro do encantamento.

Nem todos na floresta viam Oriana, mas a sua presença era-lhes vital. Que seria desses seres sem esse sopro?! A sua vida dependia dela.

Mas, um dia, Oriana viu-se reflectida no rio. E descobriu como era bela! Começou então a apaixonar-se pela sua própria beleza. Cada vez se apaixonava mais e mais por si própria passando agora o tempo a admirar-se na água do rio, enfeitando-se de mil maneiras. E foi assim que a floresta e os outros seres de quem era guardiã foram deixados no esquecimento. A sua promessa de nunca os abandonar tinha sido quebrada. A floresta ficou perdida no vazio do desencantamento. Os sons jubilosos e as matizes que pintavam os dias desvaneciam-se numa tela negra.

A vaidade de Oriana trouxe-lhe grandes castigos. A rainha das fadas tirou-lhe as suas asas e a varinha de condão. E foi assim que Oriana perdeu todo o seu poder e magia. Embora bela, já não podia ajudar ninguém. Estava desolada e arrependida; frágil e à mercê de todas as tentações. Mesmo assim conseguiu resistir à tentação da rainha das fadas más e não aceitou as asas que esta lhe queria dar. Oriana não queria ser má. Oriana queria ser boa. E foi o seu arrependimento e bondade que lhe devolveram a magia e o encantamento de voltar a ter asas e uma varinha de condão.

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